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Cyberpunk 2077

Hora de dar meus dois centavos sobre o jogo do momento. Aquele que fez o pantone amarelo de sua capa reinar durante o ano e descambou num lançamento, complicado com algumas críticas e que no meio do hype fiz questão de comprar na pré-venda. Vem comigo!

Cyberpunk 2077 tem uma história de anos desenvolvimento pela CD PROJEKT RED que como em qualquer projeto grandioso foi conturbado entre adiamentos constantes, trailers e teasers incríveis e o anúncio do ator /gente fina Keanu Reaves como personagem da história do jogo.

Estava feita a tempestade perfeita: produto grandioso, alta expectativa, muita demora (a ponto de consoles e placas ficarem obsoletos para o tamanho do produto final) além de uma comunidade gamer conhecida por ser muitas vezes tóxica e não tolerar deslizes ou ter suas expectativas quebradas de alguma forma além de jornalistas que jogam para esse tipo de torcida.

O Jogo.

Primeiro: O game é um RPG de ação em mundo aberto ambicioso sim, mas que não é o nirvana dos jogos e não quer ser inovador na mecânica e sim na atmosfera e nos detalhes. Ele é seguro e não quis reinventar a roda. e isso é ótimo…

A proposta do jogo começa entre escolher três caminhos que vou traduzir livremente aqui:

  • Manolo (Streetkid)
  • Freelancer da Vida (Nomade)
  • Farialimer (Corpe)

Comecei como um (nem tão) bom garoto da cidade que vive nas quebradas e entende das coisas.

Hora de montar o personagem e aqui uma novidade importante: não há gênero definido e sim detalhes que podem ser alterados conforme sua preferência. É completamente possível criar um personagem transgênero

Importante: Se você tem preconceito e não gostou, pode fechar o navegador porque 1) você é preconceituoso e 2) sequer entendeu o contexto cyberpunk de que o corpo não é mais sacro. é profano e profanado no sentido literal da palavra.

tchau.

Também é possível escolher o tamanho da genitália e pelos pubianos, liberando seu arsenal de piadas da quinta-série

Na sequência, você escolhe como dividir os pontos entre 5 habilidades distintas que uma vez definidas, não podem ser alteradas. Clássico de jogos de RPG, essa situação fará diferença no seu personagem durante a jornada, então escolher com cuidado é preciso.

Particularmente fiz uma distribuição de forma equilibrada com um pouco mais para inteligência. O que em outras palavras significa que criei um personagem bem mais ou menos em tudo que faz. =P

Bora para a primeira missão, de muitas……

Logo de cara começamos na missão principal que já exige interações na narrativa onde cada escolha e a forma como você se comporta (mais áspero, mais diplomático, mais agressivo, mais amigo) vai refletir no seu personagem.

A história principal é interessante mas um tanto clichê, o que não vejo no sentido negativo. Tenho a teoria que esse tipo de narrativa, com atores mais canastrões, funciona muito bem em jogos e acaba por não se levar tão a sério.

Mas a despeito da mainquest (história principal) você pode seguir seu próprio caminho, algo que o próprio jogo te instiga a fazer com inúmeras sidequests (histórias secundárias) com muitas possibilidades.

Ou você simplesmente não fazer nada e andar a esmo arranjando problemas com gangues e policiais e se deparando com ainda mais sidequests.

Estamos falando do ponto forte do jogo: imenso e com inúmeras possibilidades. Embora um jogo no Brasil seja caro, ainda mais em um lançamento, é um investimento que vale cada centavo. São muitas e muitas horas de jogo e olha que o modo multiplayer ainda não saiu.

Mas depois de tanto falar bem, algumas coisas precisam de ajustes:

  • O modo de combate: Se você está acostumado com FPS, se prepare pois o protagonista é muito braço duro ao atirar. Talvez melhore com o tempo e o aumento de pontos do personagem nesse quesito mas é irritante.
  • Dar socos em primeira pessoa é terrivelmente ruim (na vida real também, ok?). O mecanismo do jogo fica claramente estranho e desengonçado nessas situações.
  • Os mini-games ao hackear são um pouco confusos no começo e até frustrantes na opinião de quem escreve.
  • Os bugs existem: Crianças mal educadas brincando de amarelinha sem o desenho no chão, pizzas voadoras, erros de consistência, alguns congelamentos que se resolvem sozinhos e outros que travam o jogo todo, exigindo reiniciar.

(favor manter o bug/milagre do cadeirante que larga a cadeira e sai correndo porque isso é bom demais.)

Porém nada disso estraga a experiência final. E o que entendo que é a verdadeira cereja do bolo nesse jogo, que deixei para o final.

É tudo sobre a atmosfera…

Não sou do tipo que entra em hype instantâneo por algo, com obvias exceções que transcendem o consumismo padrão e chegam na paixão. Como um filme de StarWars e tudo que ele representa, incluindo o episódio da semana de Mandalorian. É puro hype, hype, hype.

Mas como bom cinéfilo, outros grandes filmes fizeram minha cabeça nestes 40 e poucos anos de existência e entre diversos gêneros que gosto (basicamente todos), vamos falar de ficção científica e mais precisamente do subgenêro que dá título ao jogo, o cyberpunk.

Ao pensar nesse universo, uma pequena lista surge, aqui apenas em ordem de lembrança, sem ser um ranking especifico e alguns com mais ou menos referências ao gênero.

  1. Blade Runner
  2. Gattaca
  3. Blade Runner 2049
  4. Robocop (1 e 2)
  5. Akira
  6. The Matrix
  7. Total Recall
  8. Demolidor / Judge Dredd, (aquele com o Sly e as 3 conchinhas)
  9. John Mnemonic
  10. Ghost in the Shell

Tem mais? Deve ter, fique livre pra comentar aqui ou em meu twitter.

Claro que preciso citar o livro NEUROMANCER de William Gibson, que ter forte influência nesse universo e também no jogo.

Descrevemos um RPG de ação que não inovou na mecânica, mas o que faz dele especial é a atmosfera.

Você começa imerso em um cenário futurista que faz uma conexão incrível com o que era o futuro a partir de uma visão pessimista dos anos 1980.

Logo de cara, você já sente, ainda que de forma subconsciente, que já viu aquilo: as luzes, os cenários, os carros, ruas e avenidas em uma Nighcity suja e colorida, se deparando com corpos cheios de implantes tecnológicos sendo alterados, vendidos, refeitos ou ainda rebuscados atrás de um padrão de beleza múltiplo, insano e transhumanista é uma experiência única.

Alias o jogo te convida a caminhar pela cidade de arquitetura brutal entre uma quest e outra, sem pressa, observando aquela sociedade violenta e degradada, onde a vida humana é um mero produto em uma distopia que as vezes parece distante, mas em muitos momentos parecem perigosamente próxima demais de nossa realidade presente.

Os filmes e livros citadas estão todos ali com seu DNA projetado no cenário e no enredo do jogo com muitas referências.

Aquele dejavu que nos move a ver um filme do gênero se transforma no prazer de jogar o melhor jogo desse gênero até o momento.

Jogão. Recomendado.

Nota segundo meu critério secreto: 9,75

PS:

Eu testei em meu console, um XBOX ONE X, o ultimo da geração “One” que tem potência de sobra. Os gráficos são bem decentes e tirando algumas travadas e bugs, o jogo é bem jogável. É bem ambicioso para essa geração

Por Thiago Barbosa

Desmontei um rádio a pilha com 4 anos. Dei curto-circuito na casa toda com 5. Leio 4Rodas desde os 7. Aluguei 12 filmes na 1ª visita à locadora. Quebrei o gamepad do Atari de tanto jogar. Chorei no fim de Lost. TI na veia profissional. Tricolor Paulista de coração.