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A Invenção de Hugo Cabret – merece cada Oscar que ganhar

São 3h da manhã mas não vou conseguir dormir sem escrever sobre este filme. A sessão no UCI 3D que terminou quase meia-noite foi daquelas que talvez eu nunca esqueça.

Juro, minha vontade ao final foi levantar e aplaudir. Dane-se o fato de ninguém ali ter qualquer participação no filme, eu queria aplaudir o momento, queria aplaudir aquela sala de cinema, queria aplaudir a sétima arte como um todo depois de ter visto provavelmente uma das suas melhores obras.

E eu o fiz, ainda que timidamente.

A Invenção de Hugo Cabret, que não tem recebido a merecida atenção do grande público, não é peixe pequeno. Seu orçamento estimado em 170 milhões de dólares é maior que, por exemplo, Capitão América que custou 140. Nem por isso seus dólares foram torrados em explosões e lutas (que eu adoro, diga-se), mas no que o cinema de fato nasceu para fazer: contar histórias, ilustrar sonhos, desligar-nos do mundo por algumas horas em um espaço-tempo completamente próprio, que mistura realidade com ficção.

O filme trata de um garoto órfão que vive “entre as paredes” da estação central de trens de Paris na década de 1930 cuidando de relógios enormes, e cujo maior objetivo é consertar um robô autômato deixado por seu pai. É na saga pessoal de Hugo que, cruzando a vida e a história de tantos personagens, Martin Scorsese faz uma maravilhosa homenagem ao cinema, ao mesmo tempo em que o próprio filme carrega elementos do cinema antigo e do moderno.

É incrível como usando o que há de mais atual em tecnologia de filmagem, o 3D Digital, se conseguiu fazer um tributo à magia dos primeiros filmes, nos quais as únicas pós-produções eram cortes e colagens de partes do filme e a pintura, manualmente, quadro a quadro, para colorir o preto e branco.

Não sou adepto de “clássicos”, tampouco dos intrincados filmes europeus e, felizmente, A Invenção de Hugo Cabret (ou simplesmente Hugo no nome original), não cai no dramalhão ou na complexidade que faria qualquer Hollywoodiano desistir de assistir até o final. Pelo contrário, faz a mim, um amante de coisas como Matrix e Senhor dos Anéis (mas cujas únicas notas 10 já dadas foram para O Sexto Sentido, O Pianista, Ensaio Sobre a Cegueira e Sobre Meninos e Lobos), querer aplaudir os precursores do cinema.

Lugares reais e pessoas que de fato existiram, cenários e figurinos impecáveis, música orquestrada e 3D, misturados com uma história intrigante e linda. Não é para menos que James Cameron (escritor e diretor de Avatar), chamou o filme de obra-prima e disse a Martin Scorsese que foi o melhor uso de 3D que ele já viu, incluindo seus próprios filmes. Foi sim Cameron, porque o 3D é maravilhoso, mas a história é mais.

Recomendado: MUITO. Apesar da censura livre, indico para 14+
Premiações: Indicado a 3 Globos de Ouro (melhores filme, diretor e roteiro), venceu em Diretor. Indicado a 11 Oscar (melhores filme, diretor, roteiro adaptado, efeitos visuais, maquiagem, figurino, fotografia, direção de arte, mixagem de som, edição de som, trilha sonora) – maior número de indicações em 2012 – saberemos o resultado neste domingo (26). Aliás, estamos pensando em fazer um live chat aqui no 2Centavos para comentar a premiação junto com vocês.

 

Pra quem fizer questão de imagens, um trailer com legendas em pt-br:

 

Sobre o UCI Cinemas: No totem de compra de ingressos as instruções de uso do cartão não são das melhores e o posicionamento dos assentos numerados pode ser bem diferente do que você vai encontrar na sala (na hora da escolha imaginamos que a tela estivesse em cima das fileiras exibidas no monitor, era o contrário; o posicionamento dos corredores também não correspondia com o real).

Por Juan Lourenço

Tech, UI/UX, agile, code, game, movie, travel. Criador do ChatDireto.com e eco4planet.com