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Wolverine: Imortal. Quase natural e até que ficou legal

Depois de um épico painel na Comic Con San Diego de 2013, o mutante favorito da galera me fez querer sair de casa num lindo sábado para ir até a telona e conferir como foi contada sua história no Japão. O resultado poderia ser melhor, mas a soma geral foi boa (com direito a cena final de arrepiar).

Vamos ignorar aquele X-Men Origens: Wolverine, ok? Pronto. Aqui seguimos apenas a linha temporal estabelecida em X-Men, X2 e X-Men 3: O Confronto Final (que, bem, não é o final). O terceiro acaba com Logan super chateado por ter mandado a Jean para uma melhor. Pronto. Agora vamos para Wolverine: Imortal.

Cerca de cinco anos se passaram desde os acontecimentos de X3 e Logan está vivendo nas montanhas. Lá ele pode ser o Wolverine que sempre quisemos ver, mas só vemos em pouquíssimas cenas: o animal. Disputar territórios com ursos e ser respeitado por eles dentro de seu espaço é a prova de que Wolverine não é um dos nossos. A parábola estabelecida na relação com o animal, que pego por um flecha envenenada acaba escondendo as garras quando aceita que chegou a hora de ser sacrificado, parecia deixar o filme bem mais selvagem. Infelizmente isso não acontece inteiramente.

James Mangold até conseguiu, pela primeira vez nos filmes mutantes, fazer com que (pouco) sangue aparecesse nas garras pós estripação, ao menos no cinema. O diretor prometeu SANGUE MESMO, DE MONTÃO, nos vindouros blurays, DVDs e versões digitais. Eba! Mas nem só de sangue vive um bom filme. Se por um lado existem boas cenas de luta e de perseguição, por outro ele erra (e muito) na divertida cena do trem bala, além de não colocar Wolverine para lutar contra dúzias de ninjas. Falha grave.

Se faltam ninjas, também não sobram mutantes. Parece que a Fox entendeu que não vale a pena socar diversos mutunas só para vender bonecos. Viper, a única vilã mutante, tem mais destaque do que merece e acaba afundando o ato final do filme. Harada, por sua vez, tem muito menos destaque do que deveria. Acaba se tornando um peso morto – e arranja uma luta que é uma afronta a um dos personagens nipônicos mais marcantes da casa das ideias. Embora, tal como Mandarim em Iron Man 3 só que sem a mesma genialidade, a mudança do Samurai de Prata tenha se saído bem, mesmo com espadas quentes que fazem aquilo (que eu não esperava e até soltei um “Caralho!” no cinema. Ops).

O filme faz bem o feijão com arroz do cinema de ação e ainda consegue, por relances, mostrar o Wolverine que queremos (dica: aquele do Primeira Classe). Além disso, nos joga para o futuro: dois anos depois dos acontecimentos principais. Logan, já fora do Japão, comerciais da Trask e visitas de velhos amigos. Inclusive um que andava vaporizado por aí. Tudo para avisar que estão chegando os dias de um futuro que passou (foda-se versão nacional, você está errada).

Wolverine: Imortal é imperdível para fãs dos mutantes nas telonas, para otimistas e para quem gosta de filmes de ação que não exigem muito do espectador.

Wolverine: Imortal não é aconselhável para fãs xiitas de quadrinhos e quem não aceita cinema como puro entretenimento.

 

As cenas não se curam

Esse filme tem alguns buracos e eu tive tempo suficiente para encontrar explicações plausíveis para alguns deles. Outros não, e precisarei de ajuda para entender.

(spoilers alert!)

  • Logan perde poderes e continua com as garrinhas pra fora? Bem, podemos considerar que, como o urso do começo do filme, a natureza deu garras naturais a Logan, dessa forma ele pode exibi-las sem rasgar a pele. Só que isso implica numa das primeiras linhas de fala do canadense com a Vampira em X-Men, quando ele fala que sempre dói quando as garras saem. Ops.
  • Ele está sem poderes, leva tiros a mil e consegue sobreviver? Veja, ele não está sem poderes, só está com o poder de cura afetado. Ele não se cura mais tão rápido, por isso o pequeno corte da barba some vagarosamente, diferente de machucados maiores. Talvez você não saiba, mas antes dos filmes começarem era assim que funcionava o fator de cura dele nos quadrinhos: ele se cura, mas não é um deus.
  • Como o japa conseguiu tanto adamantium assim para construir um robô de quase três metros? Bem, essa é uma pergunta muito boa. Nos filmes, principalmente no segundo, dá a entender que adamantium é RARO PRA CARALHO e boa parte dele foi usado em Logan e naquela outra japonesa de X2. O resto se perdeu com a inundação da represa. Mas aí! O japa tem uma cama de bolinhas de ferro, criados ninjas e uma médica cobra. Adamantium é o de menos nessa equação (né?).
  • Voltando a falar do japa: COMO RAIOS ELE FUGIU DA RADIAÇÃO?
  • De onde aquele peixe saiu? Matrix? Como raios a VIPER vai ter isso? E como ele sabe o caminho do estômago direto para o coração?
  • Eu quero saber como os japoneses, famosos por criarem privadas com diversos botões, fazem um medpod tão simples de usar que Logan, só de bater o olho, já sabe como funciona. Novo poder, garotão?
  • Como é que enfiar um ferro nas garras pode fazer o fator de cura ser “sugado”?
  • O que rolou com o cabelo animalesco de Logan? Aqui parece ter virado o de algum tio inspirado nele. Tá, ele mudou de cabeleireiro no Japão e a galera não entendeu direito.
  • Wolverine, tu consegue se jogar pra frente no teto de um trem bala? Eu não sabia que tu tinha super força também.
  • E cara, se tu não morre nem com a porra de uma espada no peito, não podia ter matado um ninja por vez ao invés de correr como um idiota? Bem, isso, só por não ter um plano bem elaborado e partir pra porrada, já é digno de Wolverine e eu respeito isso e a cena da piscina.

Por J. P. Neto

Nasceu quando Let It Be completava a maioridade e desde então vive de pizza, música, filmes, joguinhos, séries e quadrinhos. Não vê a hora da criação da vigésima quinta hora.