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The Walking Dead (o jogo – Adventure)

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No dia 30 de maio recebi um e-mail do Humble Bundle* com jogos da Telltale Games,  composto por Back to the Future: The Game e outros (que não dei a devida importância ainda) + The Walking Dead para quem pagasse acima da média.

Como diz um amigo, esse combo foi “instant buy”. Não pensei duas vezes mesmo só conhecendo e querendo jogar Back to the Future, mas resolvi pegar o pacote completo (pagando acima da média). Acabei jogando The Walking Dead antes de todos os outros e…

– spoiler: valeu cada centavo…

– outro spoiler: valeria inclusive se eu tivesse pago os 45 reais pedidos na Steam pelo jogo

Ele não trata do que se passa na série – é paralelo à ela e o primeiro episódio rola quando Rick (personagem principal da série) ainda está em coma. O jogo não é FPS, é adventure, point and click, sem precisar de muita precisão, só um pouco de timing (bem pouco por sinal), e precisa saber inglês porque tem muita conversa e muitas decisões nas conversas.

O roteiro é a história de Lee Everett, que logo no começo sobrevive a um acidente de carro, a ataques zumbis e acaba entrando na casa de uma menina cujos pais estavam viajando quando a infecção começou e morreram (você descobre isso fuçando a secretária eletrônica) e a menina (Clementine, ou Clem para os íntimos) te arruma um martelo num momento que você quase vira comida de zumbi. A partir deste momento você segue sobrevivendo ao lado dela.

Ao jogador sempre são colocadas opções de conversa com tempo para a resposta – segundo os desenvolvedores todas elas estão erradas, mas enviesarão a história. Cada ação e cada fala pode interferir no andamento do jogo, mudar seus aliados e salvar vidas (ou tirar vidas, propositadamente).

O jogo é bastante tenso nesse ponto, várias decisões difíceis são tomadas em cada episódio, que ao final compara você com todos os outros jogadores do mundo (mostrando estatísticas, por exemplo você e X% dos jogadores salvaram o personagem X e deixaram o personagem Y morrer neste episódio).

Esse ritmo das conversas, aliados às decisões instantâneas (os zumbis estão em toda parte), não haver muito tempo para pensar nas respostas – que pode ser maior ou menor em cada situação, ditam o ritmo do jogo.

A pequena Clem não é o tipo de criança que você é obrigado a salvar porque os desenvolvedores assim o fizeram, é uma criança que te cativa a salvá-la (sim, os desenvolvedores te obrigam, mas não transparece desta forma). As conversas e a emoção da criança a todo momento te fazem pensar em como ter um pingo de ética naquele mundo de merda. Eu considero Clem um contraponto moral dentro do jogo – sem ela você sairia matando geral sem pensar duas vezes, mas ela questiona e te faz agir como humano (e não como um louco que atira em tudo que se mexe). Especialmente porque o jogo te lembra a todo momento “Personagem X lembrará disto” ou “Personagem Y não gostou do que você disse”.

Eu tenho dois filhos, e não deixei de pensar na Clem como minha filha naquela situação… o que me deixou envolvido emocionalmente, zerei em 5 sessões de 2 a 3 horas de duração ao longo de 6 dias. O jogo dá uns “game over” de vez em quando e você se vê virando comida de zumbi, ou outras bizarrices, mas volta ao último save e continua, ou seja, por mais que você morra, vai chegar até o fim.

Não é lançamento, o ultimo episódio saiu em novembro de 2012, então tomarei a liberdade de deixar spoilers. Se pretende jogar sem lê-los (recomendo), pule o bloco abaixo.

 

[spoiler show=”Abrir spoiler” hide=”Fechar spolier”]Chega um momento em que a decisão difícil é ensinar uma criança de 8 anos a atirar… e cortar o cabelo da pobre garota para evitar que zumbis a segurem pelas madeixas compridas… e é aí que o coração começa a pesar… o tempo se passa no jogo e Clem é raptada, você é mordido por um zumbi (o que no universo de TWD é uma sentença de morte), e a esta altura eu já estava tão imerso na história que senti a dor da perda, corri atrás da Clem com todas as forças… até um momento em que você desmaia graças a infecção – outra decisão difícil (que você acha que pode te salvar) é amputar o próprio braço, fiquei bem mal, a cena ao estilo jogos mortais com muito sangue torna difícil manter os olhos nela (eu já estava emocionalmente abalado quando mandei amputar meu braço, mal sabia que não faria diferença no final do jogo)… e no final de tudo ao encontrar o cara que capturou Clem acabei o matando com minha mão (só tinha uma) – o abalo emocional é inevitável pois estava totalmente imerso naquilo. Ao sair com a menina vi os pais dela Zumbificados… fiquei imaginando aquilo na cabeça de uma criança… segurei as lágrimas e na cena seguinte você está prestes a morrer e a ultima dura escolha, deixar se tornar um zumbi e inevitavelmente tentar matar Clem ou pedir a ela que o mate… eu pedi que ela me matasse e chorei.[/spoiler]

 

No fim do jogo chorei copiosamente, me emocionei muito, o jogo foi tenso, intenso, dramático, entrou para a lista dos melhores jogos de minha vida, por isso resolvi partilhar com vocês este relato.

Como disse lá em cima, valeu cada centavo, e valeria ter pago R$ 45 na Steam, porque é muito bem feito, muito bonito, recomendo!!

 

PS. Provavelmente em agosto sai mais umas histórias para esse jogo como DLC (400 dias) e lá pro final do ano sai a sequencia deste jogo: TWD a Segunda Temporada.

 

*O Humble Bundle vende jogos pelo preço que você achar que vale – de 1 centavo de dólar a infinitos dólares, o limite é seu cartão de crédito, se você pagar mais que um dólar leva chaves para ativar na Steam e se pagar mais que a média você leva alguns jogos extras e a grana é dividida entre o site, os desenvolvedores e instituições de caridade dos EUA. Você ainda pode dizer como divide a grana entre eles, eu geralmente mando a grana toda pros desenvolvedores, me julgue.

Por Thales Francisco

Biólogo, Geek e Pai de duas criaturinhas lindas. Viciado em tecnologia. Professor por amor a profissão. Estudante de Ciência da Computação (Porque nunca é tarde pra começar uma nova carreira.)