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Sony vs Microsoft: A E3 não foi sobre jogos

Joysticks Ideológicos

Ontem tivemos três apresentações: A Apple fez a melhor (de longe) mas ela só atualizou sua linha de produtos e (infelizmente?) está fora da disputa de games que aconteceu na E3 durante a apresentação dos jogos do Xbox One (nosso carinhoso XONE) e do Playstation 4 (o famosão PS4). Normalmente os consoles possuem jogos exclusivos e benefícios para se diferenciar. Mas não foi o caso dessa edição da E3.

Para demos, reviews e especificações você pode ler outros blogs e sites como o Kotaku, Omelete e Arena IG (meus favoritos, caras)

 

As duas querem garantir que todos comprem seu console; que todos joguem em sua rede; que todos utilizem seu console para tudo, até para assistir televisão. Então, de um lado, temos a Microsoft, atual “vencedora” da geração X360 e PS3 (você tá falando que o Wii venceu, eu sei, mas o Wii é outra coisa). E de outro a Sony, que sentiu o golpe no começo da geração passada e vem tentando recuperar mercado.

 

XBOX ONE

O que a gigante de Redmond dá em troca? Um sistema de jogos com gráficos de última geração; uma rede que vende e dá conteúdo e que permite multiplayer (pago) e ainda terá processamento remoto de alguns jogos; entrada e saída HDMI e o Kinect controlando tudo o que você vê (e faz, pois ele também te vê. Beijos, PRISM).

Para mostrar isso, diferente do anúncio em Maio, a Microsoft fez uma apresentação onde só foi dito “TV” uma vez. Jogos e mais jogos foram apresentados e nenhuma palavra foi dita sobre as polêmicas de jogos usados ou da conexão necessária para games. Mas, bem, quando um cara fala que o jogo usa “computação na nuvem” para ajudar o processamento, tu entende que precisa estar conectado, certo?

Por conta disso, todos ficaram apreensivos com a apresentação que fecharia o dia: Sony e seu Playstation 4.

 

PS4

A Sony se recuperou nos 45 do segundo tempo com as vendas do PS3 e conseguiu convencer seus acionistas de que poderia fazer melhor com um novo console. A empresa quer que ele seja um sucesso, ela precisa disso e promete os gráficos mais próximos da realidade; upgrades na PSN (ela continua dando jogos, coisa que foi copiada pela concorrente, mas agora cobra pelo multiplayer, tal como a Xbox Live); também fechou contrato com várias empresas para criar aplicativos de mídia para o console; e a Sony, que possui filmes e seriados, disponibilizará esse catálogo na rede.

Percebeu? É quase a mesma coisa: da arquitetura dos jogos em x86 até os gráficos e desempenhos, nada muito distante. Poderia ser assim: você deve escolher Halo ao invés de God Of War (meu caso) ou por qualquer outro item do catálogo de exclusivos de cada plataforma. Só por conta dos jogos.

Mas não é só isso…

 

As “polêmicas”

A Microsoft vem sendo criticada por “boicotar” a venda ou empréstimo de jogos usados (embora ela até permita, só que tem toda uma papelada de cartório para liberar isso) e também por exigir conexão permanente com a internet (ou entre intervalos de uma hora, para jogos). Se aproveitando da situação – e tentando melhorar a sua, a Sony deixou tudo como antigamente: não colocou trava para jogos usados (embora deixe essa possibilidade nas mãos das desenvolvedoras) e avisou que não vai pedir nada de conexão para você.

BINGO! Era isso que os gamers queriam! Não eram os 30 jogos que foram apresentados pela Microsoft (cheio de títulos para a próxima geração, aliás) contra poucos exclusivos do PS4 na apresentação da Sony, que mostrou muitos jogos velhos que foram re-apresentados (e nada de Last Guardian, hein?).

Mas, vem cá, todo gamer quer mesmo jogos emprestados? Não sei se você sabe, mas se está lendo num PC, você está na plataforma de jogos mais vendida do mundo. O Steam faz uma grana enorme com preços justos (geralmente) e nada de jogos emprestados. E sabe do mais? Quase todo mundo os joga conectado à internet. E se você estiver lendo isso numa lanhouse, desculpe, mas acho que precisa ter um computador para depois se importar com console. Até um tablet, já que os novos jogos terão funções adicionais quando jogados com um na mão.

Mas tem ainda um terceiro fator: Preço.

 

Há mais do que jogos nos consoles

XOne já vem com Kinect e será vendido por US$ 499,99 (R$2.199,99 por aqui) e a Sony apresentou o seu PS4 por US$399,99 (sem a câmera e sem valor oficial para o Brasil)! CEM DOLETAS MAIS BARATO, COM JOGOS USADOS E SEM EXIGÊNCIA DE INTERNET: OMGESSEÉOVENCEDOR! Não, pera!

Eu também gostei da Sony mantendo o jeito videogame OLD SCHOOL e até torci para a Microsoft voltar atrás agora e dizer “tá, erramos, podem emprestar jogos e ficar offline” mas aí você pensa: Ao que tudo indica esta é a última geração de consoles como os conhecemos e a Microsoft já está se antecipando e mostrando que, com o Windows (e Kinect), ela pode estar no centro da sua sala sendo sua fonte de jogos e entretenimento. Já a Sony mantem a aposta em coisas clássicas e mostra que – ao menos para ela – o Playstation é o melhor lugar para seus jogos e… pronto. Assim ela conta com a adesão dos gamers, ainda mais com o menor preço, e venderia igual pão quente, matando os números fracos da geração passada – fantasma plantado pelo Wii, o console mais barato da briga atual.

Cada empresa tem uma filosofia: Sony, outrora uma grande criadora de conceitos, perdeu fôlego e mercado ao parar de inovar. A Microsoft, por sua vez, passa por um período de transição com Windows 8 tentando se firmar como o sistema operacional pós PC. Essas duas empresas mostram sua ideia de como preferem encarar essa geração final dos videogames e você escolhe com qual quer passar por essa mudança. Claro, há a opção do PC e as diversas lojas virtuais. Pode escolher também a Nintendo e seus games lindos e exclusivos. E ainda existem as plataformas móveis e os tablets/celulares.

A briga de ontem não foi apenas por jogos, mas por ideologias de como garantir uma base de clientes e seu lugar no futuro, seja com um Surface Xbox Edition ou um PlayStation Vaio.

Por J. P. Neto

Nasceu quando Let It Be completava a maioridade e desde então vive de pizza, música, filmes, joguinhos, séries e quadrinhos. Não vê a hora da criação da vigésima quinta hora.