Categorias
Celulares/Tablets Tecnologia Traquitanas

[Review] Amazon Kindle brasileiro: Quanto, onde, como e por que

Jpeg

Gosto de livros, mas não li todos que deveria. Não que eu seja traumatizado com eles por culpa da Capitu (o Bentinho talvez seja…). Sempre achei que ter uma pequena biblioteca na mão seria legal, mas como carregá-los? Um exemplar de Game of Thrones pode pesar mais que o Tyrion Lannister e em sua mochila ou carro. Eis que entram os e-books!

Com os tablets (tive iPad e Galaxy Tab 7) comecei meus primeiros contatos com livros digitais, mas sempre com a impressão de que faltava algo, ou no caso dos tablets, de que sobrava algo. Os tablets tem mil formas de lhe tirar a atenção e são desengonçados para ficar por horas na mão.

 

Kindle

Quando finalmente a Amazon desembarcou no Brasil, seu Kindle apareceu por R$299,00 no Ponto Frio. Considerando os impostos, não achei assim tão caro para nosso mercado e como o Juan provavelmente já estaria trazendo quilos de muamba presentes em sua viagem para o #FordNAIAS, resolvi comprar o Kindle Tupiniquim.

As primeiras impressões são: leveza e surpresa. Eu nunca tinha visto uma tela e-ink em ação e cara, aquilo é magia negra. (não me julgue, eu estou no limite entre o fim da geração X e o começo da Y – me surpreendo com a tecnologia, mesmo que ela custe pouco). O acabamento dele é bom, com plástico de qualidade e emborrachado atrás, dando uma ótima impressão ao toque. E como é leve…. Qualquer tablet é pesado demais perto dele. Um livro de mais de 100 páginas também.

 

A Tela

Não, ela não é touch, e todas as pessoas para quem você mostrar o gadget vão meter o dedo nela. E não, ela não tem retro-iluminação. E por fim, não…não feche esta página ainda porque essas duas características podem ser, na verdade, vantagens quando a imersão na leitura é importante para você. Já vamos chegar nesse ponto!

Poderia ficar explicando tecnicamente como funciona a e-ink (ou eletronic paper) mas prefiro dizer mesmo que é magia negra do futuro. Algo que logo chama a atenção é o contraste e tipo de acabamento frontal que ajudam muito em locais abertos, iluminados pelo sol.

Sol das 14:00 aproximadamente
Sol das 14:00 aproximadamente e você consegue ler tranquilamente. Tente fazer isso com um tablet!

 

Por outro lado, a tela não tem retro iluminação então no escuro você precisará de um pouco de luz. Na foto abaixo, uma lâmpada do tipo “fluorecente compacta de intensidade equivalente a lâmpada incandescente de 40w, cor amarelada (quente)”:

Não se apegue ao titulo do capitulo, o livro é sensacional
Não se apegue ao titulo do capitulo, o livro é sensacional

A melhor comparação é mesmo com papel, totalmente diferente de outras telas brilhantes (e comedoras de bateria) que temos por aí. Aonde você conseguiria ler um livro ou uma revista, você vai conseguir ler o Kindle sem problemas.

 

Sistema

Ele não é touch então você precisa basicamente utilizar os botões de navegação. Navegar entre as páginas e criar destaques nos livros é fácil, mas escrever anotações é um chute do Anderson Silva em suas partes mais dolorosas. Se você tem costume de fazer isso, o touch fará falta.

A troca de páginas, alias, é feita por botões laterais que exigem a pressão correta – nem sensíveis demais a ponto de você esbarrar e mudar de página por engano, nem duros a ponto de você precisar usar as duas mãos para trocar de página.

Permite configurar o tamanho da fonte e outras coisitas mais. Tem até um browser interno que acessa a web em 50 tons de cinza – se você gosta de si mesmo, não use.

 

Conectividade

Wi-Fi e USB para carga e acesso a arquivos pelo computador.

 

Bateria

A bateria é um espetáculo a parte. O fato é que a e-ink gasta muito pouco, então o equipamento consegue segurar por 1 mês tranquilamente. Deixando ele em modo avião (para desligar o Wi-Fi) você vai esquecer que existe tomada.

 

Loja

A loja da Amazon é mais uma dose de magia. Você compra o livro pela web e é só conectar o Kindle no Wi-Fi que o download acontece em segundos. A Amazon, assim como Apple e Google, armazena seus dados de cartão, então para comprar basta “um clique”. Também é possível comprar livros pelo próprio Kindle e não é nada complicado – se você já operou o controle remoto de alguma TV moderna em sua vida, não vai sentir falta do touch aqui.

 

Livros

Ainda faltam muitos títulos em português mas é nítido que estamos em uma ascendente em relação a esse tema – os e-books vão aparecer cada vez mais na língua de Camões. Quanto ao preço, estamos no Brasil, então não espere números maravilhosos e justos, ao menos não por enquanto.

Embora seja óbvio que e-books deveriam ser mais baratos (não exige impressão, transporte, espaço em uma loja física, comissão de vendedores, etc.), isso não é regra. Pegando uma interessante tabela comparativa do Gizmodo (dez/2012 – livros mais vendidos por categoria), os preços no Kindle são em média 6% mais baratos que os livros físicos, variando entre 40% menos e 15% mais. É de se ponderar, entretanto, que os best sellers apareciam com bons descontos em relação ao preço sugerido pela editora, e o frete calculado era para SP, mais barato, então no geral o ganho de preços no e-book pode ser maior.

 

Conversão

Com o Calibre é possível converter livros epub e pdf para o formato do Kindle. Aliás, para PDF outra solução é enviar o arquivo por e-mail para um endereço que você receberá ao registrar seu leitor – o livro aparece pouco depois no aparelho automaticamente.

Se o livro tiver DRM o processo fica mais chato, afinal, em tese quebrar essa proteção é ilegal mesmo sendo seu livro, digamos, comprado na loja virtual da Saraiva. No fim das contas, se quebrar o DRM para ler em seu Kindle, apenas não o distribua.

 

Conceito

Agora vem a parte interessante e para alguns, mais polêmica. Já disse algumas vezes aqui que tecnologia é um meio e não o fim. A boa tecnologia deve ser transparente nos momentos importantes.

Experimente ler num livro físico de 400 páginas para notar o quanto ele faz questão de te lembrar que tem malditas 400 páginas, principalmente no fim e no começo, quando se torna difícil segurá-lo. Note como o livro não vai te deixa ficar deitado na posição que você quer porque o tamanho e peso vão complicar sua vida. E se você carregá-lo na mochila, vai pesar, cansar e irritar.

Li um e-book de 265 páginas para esse review* e a conclusão foi que eu não percebi que estava lendo num Kindle. Diferente do tablet, ele não esquenta nem te notifica dos e-mails, atualizações do Facebook, curtidas do Instagram… O e-book sequer muda de página se você encostar na tela por engano e então você percebe que pode apoiar o polegar na tela sem se preocupar em acionar alguma função.

Ao contrário do livro, ele é leve, pesa menos que uma revista, e não escorrega porque a traseira é emborrachada. Você vai conseguir ficar em quase qualquer posição na cama, no sofá ou em uma cadeira. Bom, mas não tem iluminação própria, mas os livros também não tem (se fizer falta pra você, saiba que a versão com retroiluminação deve chegar em breve no Brasil).

* O livro se chama “O lado bom da vida” e sai R$ 14,90 (na versão física o preço é entre igual ou maior, fora frete). Veja uma resenha bem bacana no blog da Marina Moura.

 

Perdas

Aonde ele perde? O cheiro do papel parece ser importante para algumas pessoas, e a estante recheada de livros para se orgulhar e mostrar aos amigos também. Mas analise: Os apartamentos estão ficando cada vez menores, estantes cheias de livros não parecem tão boa ideia, e o Kindle publica nas redes sociais o que você leu (se você quiser) para mostrar aos amigos. Ok, ele cheira a plástico e isso não tem jeito. Ah, você também não pode emprestar o livro pra qualquer um, apenas para um amigo que também tenha o leitor.

 

Veredito

O Kindle é sem dúvida um dos brinquedos que mais gostei até hoje, porque ele é simples e relativamente barato. Não vai ficar na dependência de uma nova versão de iOS ou Android e o processador dele não vai ficar desatualizado amanhã, posso usar por anos sem a sensação de defasagem. Ele está aí para uma única função – ler – e sendo só a isso que ele se propõe, cumpre com maestria!

Por Thiago Barbosa

Desmontei um rádio a pilha com 4 anos. Dei curto-circuito na casa toda com 5. Leio 4Rodas desde os 7. Aluguei 12 filmes na 1ª visita à locadora. Quebrei o gamepad do Atari de tanto jogar. Chorei no fim de Lost. TI na veia profissional. Tricolor Paulista de coração.