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Les Miserables – Um review para quem não gosta de musical

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Depois de um bom tempo finalmente fui ver o filme que esteve onipresente no Oscar de 2013. Claro que uma pequena constelação de astros com muitas indicações a prêmios merecem ser assistidas. Ou ouvidas? Sim… É um musical do tipo MUSICAL de carteirinha e pedigree.

DISCLAIMER: sofro de paixão por cinema, por grandes atuações e por grandes historias. E também adoro musica! Les Miserables tem tudo isso. Mas eu não sou fã de musicais principalmente os do tipo sem diálogos falados. Tudo é cantado. E Les Miserables também tem isso. =(

Se você ama musicais, pode não gostar da minha opinião… mas também já deve ter visto o filme 3x, comprado o CD e estar dando de ombros pro que eu disser. Agora se você não é tão fã do gênero e não sabe se quer ver ou não o filme, coloque musica nos fones de ouvido (mas, por favor, não cante) enquanto lê nosso review

PS: Dá pra dizer que é um texto spoiler free. E é um review relampâgo, nada de textos enormes aqui!

 

História

A história escrita por Victor Hugo em 1862 é forte e (infelizmente) ainda atual em seu cenário de pobreza extrema, talvez não mais na França, mas exemplos desse tipo não faltam no mundo de hoje. Por outro lado, temos o alento de saber que existem pessoas que resistem à dureza imposta pelo cenário para se manter boas mesmo aonde apenas a lógica do caos poderia reinar.

Inspirado ou não, tenho uma mesma percepção com o filme “Central do Brasil” – que muitos reclamaram por só mostrar a pobreza brasileira mas sem perceber que vendemos para o mundo uma grande riqueza de espírito.

E claro que nessa história de Les Miserables há a força de vontade, redenção e luta por ideais, contra a injustiça, e claro, “La amour”….. óunnnhhhhh.

 

Atuações

Certificado: "Cordas vocais de Adamatium"
Certificado: “Cordas Vocais de Adamatium”

Hugh Jackman com seu personagem Jean Valjean surpreende cantando muito bem, e sua atuação convence no meio de toda a cantoria. Mas você vai torcer para que as garras saiam logo da mão dele para fatiar fininho seu antagonista no filme Javert, vivido pelo ator Russell Crowe, e que está muito próximo da vergonha alheia em matéria de cantar. Não convence e em alguns momentos eu esperei para ver o logotipo “Videoke Raf Eletronics” em suas cenas. Ele foi esforçado, mas sua falta de aptidão musical acabou tirando o merecido destaque do personagem.

E aí entra a primeira reclamação do excesso de músicas: Diálogos interessantes entre os dois personagens que poderiam ser travados com palavras me soaram um tanto infantis e sem credibilidade ao serem cantados em sussurros. Sim, lembre-se: eu não sou fã de musicais e canso de ouvir gente só cantando e não falando.

Ela é linda em qualquer século... <3
Ela é linda em qualquer século… <3

Por outro lado, daria para fazer um post inteiro, um blog dedicado ou mesmo um documentário para falar do que fez a Anne Hathaway em sua (curta) presença na tela. Nem um coração de adamatium resistiria a sua atuação forte, marcante e que, por algum motivo, fez cair alguns ciscos no meu olho. Eu daria o Oscar de 2014 para ela também. E um Oscar de honra em 2015. E também um hambúrguer com fritas porque ela tá muito magrinha….

Sasha Baron Cohen está muito bem em um papel “normal”, ainda que lembre um Borat do século passado, e junto com a sra. Tim Burton (Helena Bonham Carter) formaram um bom alivio cômico. Demais atores você provavelmente encontra em musicais, com suas vozes incríveis capazes de fazer nossos tímpanos explodirem.

 

Músicas, músicas, conclusão e mais músicas.

Esse é o fator central de um musical e aqui está onde o filme é poderoso e ao mesmo tempo difícil de assistir. As músicas épicas das cenas épicas são muito boas e tudo fica muito bem até ai. Mas não dosar um pouco de dialogo falado e exagerar demais fazendo canções inteiras para momentos bem menos importantes da história foi o grande equívoco do filme. Confesso que me deu DESESPERO em alguns momentos a ponto de que eu implorasse mentalmente para o filme estar acabando (lembre-se do Disclaimer lá em cima).

Mas quando acaba, ao mesmo tempo em que você recolhe sua paciência perdida, seus tímpanos falhando, sua bexiga explodindo e suas pernas dormentes para ir embora (o filme é longo), algo estranho ocorre. Você percebe que vale a pena ver esse filme, mesmo que ele te torture tanto.

É como uma prova de que você ama cinema. Você sabe que aquela bela história, as ótimas atuações, cenários e roteiros e até as músicas principais valem a pena. Por mais que você não goste do gênero, é quase obrigatório assistir.

Sim, eu recomendo ver este filme, mas tenho completa noção de que minha cota de musicais está esgotada até a próxima Olimpíada.

Por Thiago Barbosa

Desmontei um rádio a pilha com 4 anos. Dei curto-circuito na casa toda com 5. Leio 4Rodas desde os 7. Aluguei 12 filmes na 1ª visita à locadora. Quebrei o gamepad do Atari de tanto jogar. Chorei no fim de Lost. TI na veia profissional. Tricolor Paulista de coração.